O desafio de dar uma cara própria ao governo

Um desafio importante para Dilma, desde o início do governo, é desvincular-se da imagem forte do ex-presidente Lula, ao mesmo tempo em que reafirmando os vínculos fortes com seu padrinho político. Por um gesto de agradecimento, o que parece bom do ponto de vista da compreensão popular, e também pelo fato de ele permanecer sendo um aliado de peso. Os cientistas políticos Maria do Socorro Souza Braga e Lucio Rennó concordam que este tem sido um dos pontos delicados nos primeiros meses da presidente.

 A percepção de Maria do Socorro é de que Dilma optou por uma estratégia que procurava conciliar uma necessidade de criar um distanciamento administrado do governo Lula, ao mesmo tempo em que tentando ”construir o Governo dela. Penso que ela vai continuar com essa estratégia”. As crises políticas, que acabaram vindo antes do tempo, podem ter ajudado a população a perceber as diferenças de estilo.

A presença de Lula na cena política, sutil ou ostensiva, até agora não tem criado dificuldades para Dilma implantar sua forma de agir diante dos problemas com que se depara alguém que comanda um país. “O Lula aparece às vezes para contribuir na solução de problemas e isso é legítimo, ele é um homem do PT. Isso não é anormal. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) nunca deixou de se mostrar no cenário político”, destaca o professor da UnB, avaliando, inclusive, que o antecessor de Dilma tem sido até discreto. “A atuação dele nos bastidores preserva um pouco a imagem de presidente da Dilma, de fato e de direito”, destaca.

(O POVO)